terça-feira, 19 de abril de 2011

Riscos da Cesariana


Feito por Melania Amorim para a comunidade do orkut "Gravidez, Parto e Maternidade".

A CESARIANA é uma CIRURGIA, apresentando, portanto, todos os riscos inerentes a qualquer procedimento cirúrgico, incluindo os riscos anestésicos, além de riscos específicos do ciclo grávido-puerperal, como o aumento da INFECÇÃO PUERPERAL. Também existem os riscos neonatais, que abordaremos separadamente.

É extremamente importante que esses riscos sejam apresentados às mulheres, porque o respeito à autonomia e à escolha individual está intimamente associado à INFORMAÇÃO, garantindo uma opção livre e esclarecida. Por trás da decisão de algumas mulheres por uma cesárea está a crença equivocada de que o procedimento é tão seguro como o parto normal, o que não procede.

A AUTONOMIA DA MULHER SÓ EXISTE SE ELA FOR CORRETAMENTE INFORMADA DE QUE EXISTEM MAIORES RISCOS PARA ELA E PARA O BEBÊ COM UMA OPERAÇÃO CESARIANA.

MORBIDADE E MORTALIDADE MATERNA PÓS-CESÁREA

INFECÇÃO PUERPERAL: a cesariana é o principal fator de risco par a infecção puerperal, sobrelevando o risco de endometrite, endomiometrite, infecção do sítio cirúrgico, tromboflebite pélvica e SEPSE. Dados da revisão sistemática da Cochrane evidenciam uma taxa de infecção pós-cesárea de 18% quando não se faz antibiótico profilático e 6% quando se administra antibiótico profilático (que é, portanto, indicado com a finalidade de reduzir esse risco). Para se ter uma idéia, o risco de infecção pós-parto normal é inferior a 1%, chegando a 0,1% ou menos depois de um parto vaginal não-complicado.

http://www.informaworld.com/smpp/content~db=all?content=10.1080/00016340701515225

HEMORRAGIA: a perda sanguínea no parto normal é de cerca de 500ml, aumentando para 750ml no parto vaginal com episiotomia e 1000ml com a cesariana. O risco de hemorragia durante e depois do ato cirúrgico está aumentado. Embora a cesariana eletiva apresente menor risco de hemorragia pós-parto quando comparada à cesariana intraparto, o risco é ainda superior em relação ao parto vaginal espontâneo. O risco de hemorragia requerendo histerectomia foi duas vezes maior no estudo canadense (LIU et al., 2007).

http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?tool=pubmed&pubmedid=17296957

LACERAÇÕES ACIDENTAIS: como em toda cirurgia pélvica, existe o risco de lesão acidental do trato urinário (sobretudo lesões vesicais, com maior freqüência nas cesáreas de repetição – iterativas) e do trato intestinal (lesões de alça). O prolongamento da histerotomia (incisão uterina) também pode lesar as artérias uterinas e acarretar hemorragia de vulto.

RISCOS EM GESTAÇÕES FUTURAS: mulheres que engravidam depois de uma cesariana têm maior risco de placenta prévia, ruptura prematura das membranas, deiscência da cicatriz ou ruptura uterina e eliminação de mecônio no líquido amniótico. Novamente os riscos absolutos são baixos, mas superiores àqueles observados em gestações subseqüentes a um parto normal.

MORTE MATERNA: a relação das taxas de cesariana com a mortalidade materna descreve uma curva em “U”, sendo a mortalidade muito elevada em lugares em que não há condição de se realizar nenhuma cesárea (diversos países pobres, sobretudo africanos, encontram-se neste grupo). Esta vai caindo progressivamente enquanto aumentam as taxas de cesárea até se atingir um nadir quando as taxas ficam em torno de 7 a 10%, e depois volta a subir progressivamente.

Um grande estudo realizado sobre cesariana na América Latina incluindo 97.095 partos em 120 serviços demonstrou que os hospitais com taxas mais altas de cesariana tiveram as maiores taxas de morbimortalidade materna e neonatal (VILLAR et al., 2006, 2007). Verificou-se nítido aumento das taxas de infecção, uso de antibióticos e um risco 20% maior de morte materna. O risco persistiu elevado mesmo quando foram controlados os fatores potencialmente confundidores (% primíparas, características da instituição, nível de complexidade, gestações de alto risco, complicações clínicas ou obstétricas, apresentações não cefálicas, uso de analgesia de parto e cesárea anterior). Diversos outros estudos apontam para um risco de morte materna depois de uma cesariana entre 2 a 20 vezes maior. Ajustando-se para eventuais fatores confundidores, estudos observacionais denotam um risco em torno de 3 a 4 vezes maior de morte materna para a cesariana (Deneux-Tharaux et al., 2006).

http://www.acog.org/from_home/publications/green_journal/2006/v108n3p541.pdf http://www.bmj.com/cgi/reprint/335/7628/1025 http://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6W9P-4SDNG5B-C&_user=10&_rdoc=1&_fmt=&_orig=search&_sort=d&view=c&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=1191c3708886c925427e5e6e66159db1

Um comentário:

  1. A divulgação da importancia do parto humanizado é uma tarefa impar para quem defende esta causa. partilho desta ideia com vc amiga!!

    bjoss
    May

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