quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Parto humanizado. Até onde vai a humanização dos profissionais?

É com muita tristeza e indignação que venho reproduzir o texto de um pai e esposo revoltado (e com razão) com a face escura dos profissionais da humanização do parto. Infelizmente o que ele relata acontece. Infelizmente vez ou outra nos deparamos com mães e pais que querem e acreditam no parto humanizado mas ver-se diante de uma questão que não combina nada com a palavra humanização: "dinheiro"!
Infelizmente isso acontece!
Infelizmente esse não foi o primeiro relato que li quanto a essa questão.
Infelizmente se o custo de vida da minha cidade fosse outro provavelmente meu parto seria um cesariana, não eletiva, mas ainda sim uma cirurgia, pois não teria condições financeiras de arcar com um parto humanizado.
Eis a reprodução do e-mail de uma lista de discussão na internet que tanto me deixou triste hoje.

Meu nome é Fernando Kosh, tenho 37 anos, trabalho na area de tecnologia da informação, mais precisamente com desenvolvimento de sistemas Web. Escrevo por meio de minha esposa, Maria Antonieta, pois, sei que há toda uma burocracia impeditiva para ingresso nestas listas.

Quero deixar registrada nossa frustração e desanimo quanto ao que é pregado e prometido pelos profissionais enfermeiras obstetras que, dizem "parcelar" e atender de boa vontade, aos casais que como nós, não tem os quase 5 mil Reais cobrados em média. Já marcamos com várias pessoas, que nos deram "bolos", desconversaram, contaram as mais elaboradas aventuras para justificar suas faltas. Uma delas, nos disse que cobraria 50% do valor, que teriamos que ter "juntado" o valor, entre outras. Pessoas moradoras de nosso bairro e/ou vinzinhaças até se dizem não mais fazer os tais partos domicialiares, sendo que temos informações precisas de que há pouquissimos dias esta mesma pessoa fez com outra (que agora nem mais o telefone atende) um parto domiciliar.

Não temos nenhuma reserva porque a Antonieta, no ano passado, passou por problemas graves em seu relacionamento anterior, tendo que ir para a rua com um de seus dois filhos pequenos, a Maria Eliza, sem qualquer chance de sobrevivência. Nos conhecemos no meio deste processo, quando ela tenta lutar contra o ex, que fazia de tudo para impedi-la de ver seu filho mais novo, Vladimir. Graças ao meu apoio e de alguns poucos amigos, ela conseguiu reaver seu filho na justiça, mas de lá para cá, assumi 100% desta conta, praticamente sem qualquer ajuda financeira, nem mesmo de nossa justiça, que parece ser feita exclusivamente para beneficiar picaretas.

Em algum momento em Dezembro, ela engravidou. Sabíamos da dificuldade que teríamos pela frente e tivemos que decidir entre matar nosso filho, ainda embrião, ou assumir a conta e risco. Não sou homem de matar filho nem em pesadelo e assumimos a conta. Após muito conversar, minha esposa me mostrou uma realidade que eu não conhecia sobre partos. Tenho uma filha de 7 anos chamada Tamires que vive com sua mãe num bairro próximo. Também não sou homem de abandonar filho, então desde a minha separação venho horando como posso minhas responsabilidades de pai, pagando plano de saúde e colégio, bem como os demais custo envolvidos.

Por estes motivos, não conseguimos juntar um centavo sequer e, neste momento, passo por grande problemas e mudanças em meu trabalho. Meu sócio saiu da empresa, tenho que me mudar de sala para uma mais barata e resolver N problemas que esta situação está gerando.

Também não temos parentes próximos nem amigos que possam nos "adotar". Apenas temos a nossa força e garra um do outro para tocar a vida, sustento, educação dos filhos da Antonieta que agora são meus filhos também, da minha filha, que é agora, também, filha da Antonieta.

Nossa frustração vem do fato de que nos levaram enganados até hoje, na ilusão de um parcelamento. Algo feito na "camaradagem" e coisas do tipo. Agora estamos na reta final sem qualquer solução, sem ter como ficar ido para lá e para cá com duas crianças e uma mulher grávida, muito valente, mas que já não aguenta mais esta batida toda.

TODAS as pessoas com quem tentamos negociar, enrolam, enrolam e agora dizem que está muito em cima, que não dá mais e tal. Ora, a Antonieta me falou de pelo menos 5 gestantes que acertaram os detalhes praticamente na semana anterior ao seu parto e tudo correu certinho. O que tem de diferente do nosso caso para um destes casos? Fácil responder: Não temos grana para pagar à vista! Não temos grana para pagar em duas vezes.

Mas eu posso pagar em 10 vezes, sou um homem sério, uma pessoa pública e muito conhecida na internet. Busquem no Google por Fernando Kosh e busquem algo que negue o que estou falando. Nada acharão. E o que fosse acertado seria honrando ao custo de meu sangue no dia-a-dia de minha vida.

O que vejo que é que não há esta coisa que humanizado sem grana! Humanizado virgula!

Assim, vamos abandonar a ideia de ir buscar um profissional que pudesse parcelar seus serviços, mas ainda quero ter meu primeiro filho homem de uma forma não traumática e sem mutilações em minha esposa e vamos fazer nos mesmos com a ajuda e supervisão do universo e de todas as coisas boas que existe, existiram e que ainda vão existir.

Não temos qualquer condição de permitir que a Antonieta passe pelas mãos de um carniceiro cesarista, pois, isto iria nos matar de vez. Não teríamos como viver, eu trabalhar, ela ficar em casa cortada ao meio com um recém nascido e mais dois outros menores. Então, como cheguei até aqui com a cara e coragem que vi em poucas pessoas nesta vida e, como sou, sempre fui e sempre serei auto-didata sem medo de nada, vamos nós mesmos assumir mais esta missão.

Já não tenho nem mais medo de algo dar errado. Sei que dará tudo certo para nós, mas não poderia deixar de escrever este desabafo que, poderá vir a ajudar outras pessoas em condição similar. Fazer o parto de artistas e celebridades, de ricos e playboys e sair dizendo que é humanizado é mole! Quero ver é fazer de gente dura, de gente pobre, mas de bem. Isto sim, seria digno de ser chamado de humanizado. O que vejo são pessoas que até tem boas ideias e conceitos, mas que na prática só não se igualam aos carniceiros por não cortarem a mulher e por terem procedimentos agressivos a menos.

Estou farto de ver minha esposa, uma menina linda de 25 anos, sofrendo e se iludindo por conta destas falsas promessas. Sua angústia e dor me cortam o coração. Me sinto impotente quanto ao ponto financeiro e confesso que cheguei a pensar em desistir. Mas também não sou homem de desistir de nada e minha vida me mostrou que, quanto mais dificil a missão, maior a recompensa.

Nosso filho, Tales Kosh, nascerá em casa, nos braços de seu pai, amparado por seus irmãos e sua Madrinha Fabiana. Dará tudo certo, não tenho dúvidas, mas não por causa de vocês, profissionais humanizados.

O universo sempre se move de forma caótica, e é deste caos que vem as mudanças. E destas mesmas mudanças nascem os fortes, os inteligentes e os verdadeiramente bons. Em 2 milhões de anos de primatas, muitos morreram ao dar a luz, mas muitos mais sobreviveram sem quaisquer sequelas, sem médicos e maquinas de fazer PI. Não tenho medo! Sou um gorila branco e esta missão nós já vencemos

Quem escreveu isto fui eu, e se alguém se ofendeu, eu moro na [...] (preferi retirar essa parte, abaixo tem outras formas de contato com o autor da mensagem)

Venha tirar satisfações aqui.

Agradeço de coração às pessoas que nos ajudaram, que cederam e deram seus pertences adquiridos com amor para seus filhos. Ao apoio dado a minha esposa durante todo este tempo. Seu tempo e suas palavras mudaram nossas vidas para melhor. Sou lhes grato, muito grato. Não os esqueceremos.

Ao infinito e além.

[ ]'s,
Fernando Kosh
Desenvolvimento e Tecnologia+55 21 8695-9776linkedin.com/fernandokoshfamiliakosh.org

"O sorriso é um idioma universal; em qualquer lugar do mundo, todos o entendem."Charles Chaplin

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